19 janeiro 2007

Filha...



















"Tenho saudades tuas. Minhas? Mas vimo-nos tantas vezes. Não meu amor, tenho saudades de quando eras pequena, com o teu cabelo lourinho e os caracóis que tinhas nas pontas, que depois com as minhas manias curtei... arrependo-me tanto... curtei-te a moldura da alma! Parecias um anjo. Eras tão linda! Eu sei que achamos sempre os nossos filhos os mais lindos, mas tu eras mesmo bonita. Ainda hoje és, mas hoje és uma mulher, naquela altura eras só minha, do Pai e da Avó.
Começaste a crescer e nunca assumi... mas eu achava-te uma graça! Sempre com o nariz levantado, sempre com a resposta na ponta da lingua, muito decidida, eras uma peste...
Mãe... estou a começar a chorar... Não chores S. estou só a recordar.
Hoje estive um tempo perdido a olhar para a tua foto... aquela que tenho na moldura, sabes? sei Mãe... lembrei-me da lata que tinhas. Sei que não te lembras, mas eu lembro-me, devias ter uns 2, 3 anos, fomos passear, tu viste um miúdo de bicicleta e pediste-lha, porque teimavas que querias ter uma! não Mãe, não lembro... Pois eu não me esqueço... que vergonha... lembras-te numa viagem que fizemos de autocarro, tu com aquele teu ar desprotegido, que punhas quando estavas aflita, teres pedido a um rapaz para te arranjar os "phones" que estavam avariados? Devias ter uns 10 anos e ele muito mais velho que tu. Acho que o rapaz achou graça, e lá te arranjou a giringonça!
Mas sabes do que tenho saudades? de quê Mãe? de te ver feliz... eu sei que és naturalmente feliz, não sei a quem saíste... mas tenho saudades da minha filha, com mil e um projectos, que queria ter mais filhos, que queria encontrar o "principe", tenho saudades dessa S., tenho saudades de quando me deitava e sabia que tu estavas bem... hoje deito-me e não sei como estás... sei que não podes prometer, mas pelo menos diz-me que vais tentar voltar a ser a minha S..."


Esta era a conversa que precisava ontem...

14 comentários:

Anónimo disse...

Coração de mãe é mesmo assim, porque o bem estar delas depende um pouco do nosso, e hoje que tenho uma filha entendo isso perfeitamente e , por isso mesmo, muitas vezes estou um lixo e chego a casa da minha mãe e meto a mascara de pessoa feliz, bem disposta, com senso de humor, para não lhe deixar o coração apertado. Um beijinho Grande .

vinte e dois disse...

Que palavras tão sentidas! Os nossos filhos serão para sempre os nossos bebés, por muito crescidos que já estejam e chegamos a um momento em que temos saudades que não fiquem pequenos para sempre. Sentimos saudades deles nem que se afastem só por um dia. O meu ainda é pequeno e não vive com a mãe, vive comigo. Somos só os dois em casa e somos a companhia um do outro. tenho a certeza que um dia quando for adulto e partir, irei sentir um enorme espaço vazio, mas são as leis da vida ;)

Anónimo disse...

os filhso crescem e naturalmente surgem algumas divergencias, mas o coração será sempre teu. isso é garantido. mesmo com mais ou menos sorrisos, será sempre a tua menina. a cor dos teus olhos. a tua alegria.
Bom fim de semana!

naoseiquenome usar disse...

As nossas eternas crianças e as eternas crianças que somos para as nossas mães...
:)

Obrigada pela mensagem deixada no chuva no post "embrião, factualidade, notas outras". E ... pela coragem de o deixar.

Um abraço.

Anónimo disse...

às vezes tenho a sensação que essa hipotese ficou perdida para sempre, e eu não sei onde a perdi!
Essa hipotese de voltarmos a ser meninas e sentirmos que um abraço ou as palavras da mãe vão curar, pelo menos por momentos, a dor imensa que sentimos!

Por vezes a mãe até está lá, até as palavras e os abraços, mas não sabem ao mesmo...

Crescer é f***** (às vezews!)

antónio paiva disse...

................

é!

há momentos em que tão pouco era preciso, para nos sentirmos melhor

...............

Beijinhos e bom fim-de-semana

Anónimo disse...

Curioso ler o teu texto nesta altura em que preciso trazer a "Tua" de volta.
Há angústias que queria poder dissipar numa conversa omo a que descreves, onde tudo fica relativo...

Um beijo!

Nilson Barcelli disse...

O teu texto denota o que normalmente se chama de "amor de mãe". Os filhos não crescem nunca e hão-de ser sempre pequeninos...
É muito bonito. Gostei de ler.
Beijos.

Anónimo disse...

E então? Prometeste?
Olha que à mãe não se pode mentir... ;)

Bj.

PARTILHAS disse...

Não.
Ainda não consegui secar as lágrimas.
Não.
Ainda não consegui ler este post, sem deixar de conseguir ler a meio...
Não se é por falares, na tua mãe, na tua avó... na tua felicidade, em ti...

Não sei dizer-te qual o fio condutor entre estes teu post e o meu desatar a chorar...

Só sei que não consigo evitar...

Que gosto, realmente muito de ti... e tal como ela... Gostava de te ver Felis... ou melhor sentir Feliz... Sentir de facto... com o coração... Sem ser preciso dizeres-mo...

Beijos meu Amor. Aquele abraço... silêncioso

Ivo disse...

oi... passei.... mas estou quaseee quaseee sem tempo!!

Deixo um beijo e a promessa de passar com mais tempo!!

Anónimo disse...

lindo!

"nunca assumi..."

era bom que o dissessem sempre, desde o início...

antónio paiva disse...

..............


Beijinhos

Bom dia

Alma Nova ® disse...

Quando somos pequenas não nos apercebemos bem do que é isso de "amor de mãe". Só adultas e já com filhos é que lhe aprendemos a dar o real valor...Nada é maior ou mais importante. E para elas somos sempre as suas eternas crianças...Sê feliz, amiga, mereces. Jokitas