23 fevereiro 2006

Para ti
















"... Quando parti, não me despedi. Sabia que me iriam tentar convencer do contrário... mas as minhas certezas eram tantas, que não queria ouvir ninguém.
Partiria no dia seguinte para um outro País, onde nada nem ninguém conhecia... avisei de véspera, limitei-me a dizer: amanhã vou embora..., o espanto foi total, mas já ninguém me conseguiu "agarrar", já tinha os bilhetes e malas, poucas com quase nada, a não ser o essencial, nem fotos trouxe... sim, vinha em fuga, não da polícia, mas do que já não acreditava e me fez aos 15 anos tomar esta decisão, mais 15 foram precisos para realizar o sonho antigo, mas sempre fui assim, de ideias e ideais fixos.
Quando cheguei, olhei em redor para o Aeroporto, tão grande, tanta gente, eu ali só, sem destino, sem prever o futuro... nesse momento questionei-me, não vou dizer que não, mas logo tive a certeza de ter tomado a decisão certa. Agora que ali estava, não sabia para onde me dirigir, só tinha comigo uma morada, recordei novamente que neste País não conhecia ninguém...
Nessa tarde de calor, procurei pela morada, como um cego que não vê, cada rua sucedia-se, sem fazer ideia se a próxima seria a tal, sem medo de me perder, segui em frente... foram dias complicados os que se seguiram, não tinha poiso certo, não tinha encontrado a casa onde me sentisse em casa... só tempos depois percebi, que essa casa se chamava lar e isso levaria anos até a sentir.
Enquanto procurava emprego, passava os dias só... até um dia ir na rua e uma rapariga, com cerca de 25 anos me perguntar as horas... de seguida pergunta se sabia onde era a rua que ela procurava, disse-lhe onde era e ela perguntou-me se a podia acompanhar, também ela era estrangeira, disse-lhe que sim e finalmente após uma semana, falei, tinha a voz presa, só aí me apercebi que não falava há quase uma semana... tornámo-nos inseparáveis, penso que éramos a única companhia um do outro.
Arranjei o meu 1.º emprego, passava os dias ocupado, trabalhava com afinco, como se da 1.ª vez se tratasse, dava tudo de mim... depois, no fim do dia, encontrávamo-nos, saíamos... até um dia ela me dizer ...vou embora, vou casar com um Finlandês... fiquei espantado, onde teria ela conhecido o Finlandês, se saíamos sempre juntos? Só depois entendi... despedi-me dela com pena e receio que a vida não fosse o sonho idealizado, a sua busca, o que a fez viajar tantas horas, mudar de continente, que fosse encontrar o oposto do sonhado, temi por ela, ainda lhe disse ...toma cuidado contigo... tens a certeza?... a determinação dela fez-me desejar-lhe boa sorte e felicidades, com toda a minha força e também receio, desejei que assim a minha força e receio lhe fossem transmitidas... "



imagem: images.com

19 comentários:

Rui disse...

uauuuuu..adorei ;-)

Beijos

Anónimo disse...

Quantas vezes já tivemos vontade de abandonar “tudo”?!
Porque queríamos voltar a encontrar “tudo”,
Quantas vezes já pensámos no avião que nos ajudaria a fugir?!
Porque esse avião ajudava-nos a fugir de nós próprios…
Quantas vezes pensámos em ir sem sequer nos despedirmos?!
Porque seria difícil despedir-nos de alguém,
Quantas vezes pensámos num País em que não conhecíamos ninguém?!
Porque gostaríamos de conhecer alguém nesse novo país,
Quantas vezes deixámos de acreditar no que queríamos acreditar?!
Porque desejaríamos voltar a acreditar…
Quantas vezes quisemos dar o nome de “lar” a uma casa?!
Porque gostaríamos de ter uma casa que fosse sempre um “lar”…
Quantas vezes pensámos em conhecer uma pessoa acidentalmente na rua,
Porque nos “filmes”, os “Amigos Inseparáveis” não se abandonam para irem casar com um Finlandês…
Quantas vezes???... Muitas…
Porquê? Porque “pensamos pensamentos” de felicidade…

Um Beijo
JM

39 disse...

Olá Stela!!! Recebi o teu mail quando cheguei de Lisboa. Ainda não tive oportunidade de te responder, mas vou fazê-lo! ;)

Beijoca grande

Anónimo disse...

o meu sonho tambem é casar com um finlandês... agora onde raio é que eu arranjo um finlandês?? ora essa... ora entao um grande bem haja

Misty disse...

Há momentos nas nossas vidas em que, sentindo o ímpeto da mudança, aquele verdadeiro, o que vem de dentro, só resta mesmo ir caminhando para a frente. E é nessas pessoas, corajosas, determinadas, temerárias até, que devemos ir beber os exemplos do que é uma vida a cores, vivida em pleno.
Um beijinho.

António disse...

Olá!
Hoje vi, pela primeira vez, um comentário teu no meu canto.
Quero agradecer-to e dizer que gostei muito que lesses a minha história.
É bom descobrir que há mais pessoas que nos lêem sem nós sabermos.
Interrogaste se foi o final.
Podia não ser, mas foi.
Não quis prolongar mais a história.
Agora fica ao critério dos leitores imaginar o que se passará após o dia 26 de Fevereiro.

Li algumas coisas do teu bolg.
Memórias, short-stories, realidades, ficções, poemas.
Gostei do que li.

Volta sempre.

Beijinhos

Anónimo disse...

Olá, passo para deixar um abraço...

osaldanossapele.blogs.sapo.pt

SoNosCredita disse...

que mão lindíssima...

adoro mãos!
:)

Anónimo disse...

Beijinho!

:)

Misty disse...

...tu tá preguiçosa que "num" escreve??

Rui disse...

ok...se é para implorar...eu imploro...
MAIS UM TEXTO TEU, PLEASEEEEE!!!!

lol

escreve preguiçosa...

Beijos Grandes

Misty disse...

XCREVE, XCREVE, XCREVE!!!
OLHA QU'EU VOU CHAMAR OS GENINHOS!!!


:º)))

Misty disse...

XCREVE, XCREVE, XCREVE!!!
OLHA QU'EU VOU CHAMAR OS GENINHOS!!!


:º)))

Misty disse...

XCREVE, XCREVE, XCREVE!!!
OLHA QU'EU VOU CHAMAR OS GENINHOS!!!


:º)))

Misty disse...

XIII...2 vezes!

Anónimo disse...

...então leva-me!...

Anónimo disse...

...era, não era??

Isa e Luis disse...

Olá:)) encontrei o teu cantinho atraves de outros voos. Gostei do que li.

A vida é feita de mudanças.


beijinhos

Isa

Anónimo disse...

Passei por aki pra ver o q andou postando... desculpe pela ausencia kerida... saudades dos cantinhos dos meus amigos :)
Bjo grande...